A nadadora McKenzie Coan já contabiliza três medalhas de ouro nas Paraolimpíadas e quatro no Campeonato Mundial. Ela tem osteogênese imperfeita (enfermidade dos ossos frágeis), uma condição que torna seus ossos muito suscetíveis a fraturas. Ao ser diagnosticada, aos 19 anos de idade, os médicos disseram aos seus pais que ela não seria capaz de sentar, caminhar ou falar.
No entanto, ela começou a nadar aos quatro anos. Ela competiu nos Jogos Paraolímpicos de 2016 no rio e buscava defender suas conquistas nas Paraolimpíadas de Tóquio, antes do evento ser adiado.
Como atletas paraolímpicos, parece que uma parte de nós foi arrancada...
Eu acordei com uma mensagem do meu treinador quando o adiamento foi confirmado. Apesar de ter certeza de que era a decisão correta a ser tomada, isso me afetou. Eu respirei por um momento, pensei um pouco e deixei as coisas se acalmarem antes de entrar no modo de reestruturação e planejamento. Lembro de sentar ali e perguntar a mim mesma: "Considerando todas as adversidades que já encarei na vida, como vou abordar este desafio?"
Ao lidar com algo difícil, muitas vezes me lembro de todas as coisas que passei e dos desafios que enfrentei. Acredito que provavelmente já quebrei mais de 100 ossos, então aceite um conselho do meu livro: prometo que você sempre evolui no final.
Doa o que doer, é para o melhor agora. Vamos superar isso e quando voltarmos juntos, o esporte será ainda mais poderoso do que antes, porque vai significar muito mais para o mundo.
O momento definitivo na minha vida veio de uma época de muitas dificuldades...
A minha maneira de abordar adversidades vem das experiências que tive com uma operação em 2008. Estive hospitalizada inúmeras vezes, mas esta foi particularmente difícil. Haviam muitas complicações e a recuperação foi muito complicada. Eu deveria passar a noite no hospital, mas acabei ficando lá por uma semana, provavelmente a mais assustadora da minha vida.
Minha condição era incerta às vezes. Eu sentia uma dor violenta e não respondia às medicações receitadas. Lembro de sons de alarmes disparando e das máquinas em que me mantinham conectada. Muitas vezes eu acabava ficando inconsciente, mas lembro de um sonho que tive sobre a natação. Lembro-me de pensar "Ainda não acabei aqui. Ainda tenho muitas coisas para fazer e não quero me despedir."
Recordo aquele momento em que escolhi não ser derrotada. Eu iria superar aquilo. Aos poucos, melhorei e começamos a ver a luz no fim do túnel.
Desde então, todas as vezes que eu fraturava um osso, passava por uma cirurgia ou ficava enjoada durante um tratamento, eu me lembrava do tudo que aconteceu lá atrás. Digo a mim mesma para seguir em frente, pois vai melhorar a cada dia. Aprendi a forçar meu caminho em meio a estas situações.
As pessoas pensam que músculos e físico são as melhores qualidades no esporte...
...mas acredito que a força mental é a coisa mais incrível que todos podemos desenvolver no esporte. Todos os atletas já se lesionaram ou passaram por dificuldades e acredito que as lições que aprendemos em tempos assim se aplicam para qualquer coisa, especialmente agora. Você desenvolve a habilidade de perseverar através do sofrimento.
Em certas épocas, você só verá barreiras. Vai sentir um pouco de dor, mas terá o que é preciso para superar a situação dentro de si mesma. É preciso acreditar em você e ter compaixão. Eu escolhi ter uma mentalidade forte. Não posso agradecer a natação o suficiente por isso.
As coisa vão melhorar...
...você deve ter esperança e acreditar que vamos chegar lá. Não estou dizendo que será fácil, todos temos dias difíceis. Somos todos seres sociais e é complicado quando sentimos que não há ninguém para nos apoiar, mas mesmo estando separados fisicamente, estamos mais unidos do que nunca.
Eu tenho certeza de que no ano que vem, em Tóquio, poderemos celebrar juntos. Acredito que seguindo estes tempos difíceis teremos uma grande festa e é isso que me faz seguir em frente todos os dias.